O QUE ESCREVEU TÁCITO SOBRE CRISTO E OS CRISTÃOS?

Escritos de Tácito sobre Cristo e os cristãos


Públio  Cornélio Tácito (55 – 120 d.C) foi governador da Ásia, pretor, cônsul, questor, historiador romano e orador. Em seus “Anais da Roma Imperial” mencionou Cristo e os cristãos de seus dias. No ano de 64 d.C, o imperador Nero mandou incendiar Roma e colocou a culpa nos cristãos. Isso culminou na primeira grande perseguição aos cristãos, onde foram martirizados milhares deles, dentre os quais estavam Paulo e Pedro.
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Durante os três séculos seguintes, vários imperadores promoveram perseguições, inclusive com os espetáculos de circo, onde os cristãos eram atirados para serem devorados pelas feras.

Tácito narra a perseguição aos cristãos no primeiro século:

“Para destruir o boato (que o acusava do incêndio de Roma), Nero supôs culpados e infringiu tormentos requintadíssimos àqueles cujas abominações os faziam detestar, e a quem a multidão chamava cristãos. Este nome lhes vem de Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara ao suplício. Reprimida incontinenti, essa detestável superstição repontava de novo, não mais somente na Judeia, onde nascera o mal, mas anda em Roma, para onde tudo quanto há de horroroso e de vergonhoso no mundo aflui e acha numerosa clientela” [1]

Tácito não era cristão. Ele considerava o Cristianismo uma “detestável superstição”, como muitos o consideram hoje. Mas ele admitia sua existência histórica já naqueles dias.

Em seus Anais, ele descreve o martírio desses cristãos:

“Uma grande multidão foi condenada não apenas pelo crime de incêndio, mas por ódio contra a raça humana. E, em suas mortes, eles foram feitos objetos de esporte, pois foram amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em pedaços por cães, ou cravados em cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram

 

queimados para servirem de luz noturna” [2]

Assim, vemos como é incontestável a existência histórica de Jesus e dos cristãos, bem como da perseguição a estes, ainda no primeiro século da era cristã. A importância deste último livro de Tácito (Anais) e a sua autoridade são hoje reconhecidas no mundo inteiro. No 15º livro dos Anais, a partir do parágrafo XXXVIII, Tácito começa a narrar o terrível incêndio que quase destruiu totalmente Roma no ano 64 d.C. A seguir a citação integral do relato de Tácito:

“Mas nem todos os socorros humanos, nem as liberalidades do imperador, nem as orações e sacrifícios aos deuses podiam diminuir o boato infamatório de que o incêndio não fora obra do acaso. Assim Nero, para desviar de si as suspeitas, procurou achar culpados, e castigou com as penas mais horrorosas a certos homens que, já dantes odiados por seus crimes, o vulgo chamava cristãos. O autor desse seu nome foi Cristo, que no governo de Tibério foi condenado ao último suplício pelo procurador Pôncio Pilatos. A sua perniciosa superstição, que até ali tinha estado reprimida, já tornava a alastrar-se não só por toda Judeia, origem deste mal, mas até dentro de Roma, aonde todas as atrocidades do Universo, e tudo quanto há de mais vergonhoso vem enfim acumular-se, e sempre acham acolhimento. Em primeiro lugar se prenderam os que confessavam ser cristãos, e depois, pelas denúncias destes, uma multidão inumerável, os quais, além de terem sido acusados como responsáveis pelo incêndio, foram apresentados como inimigos do gênero humano. O suplício destes miseráveis foi ainda acompanhado de insultos, porque ou os cobriram com peles de animais ferozes para serem devorados pelos cães, ou foram crucificados, ou os queimaram de noite para servirem como archotes e tochas ao público. Nero ofereceu os seus jardins para este espetáculo, e ao mesmo tempo dava-se os jogos do Circo, misturado com o povo em trajes de cocheiro, ou guiando carroças. Desta forma, ainda que culpados e dignos dos últimos suplícios, mereceram a compaixão universal por se ver que não eram imolados à utilidade pública, mas aos passatempos atrozes de um bárbaro” [3]

Sobre esse texto de Tácito, o historiador inglês Edward Gibbon (1737-1794) comenta:

“A crítica mais cética deve respeitar a verdade desse fato extraordinário e a integridade desse tão famoso texto de Tácito” [4]

Conclusão

Afirmar que todas essas citações de Tácito sobre Cristo e os cristãos no século I foram falsificadas é simplesmente argumentação vazia, sem nenhum fundamento, desprezando todo o contexto. As citações aos cristãos permeiam todo o contexto. Não são interpolações acrescentadas posteriormente, o que, obviamente, quebraria a sequência lógica de ideias.


Notas de rodapé:

[1] Tácito, Anais , XV, 44 trad. 1 pg. 311; 3.

[2] Tácito, Annales, XV.44.

[3] Tácito. Anais. Tradução de J.L. Freire de Carvalho. W.M. Jackson Inc. Rio de Janeiro. 1950. pp 405-409.

[4] Dialogus de Oratoribus.

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